Introdução
Neste texto apresentamos os principais conceitos e idéias presentes em “Informação” (Enciclopédia Einaudi), de Anthony Wilden. Dividimos o texto em três partes, seguindo a estrutura do original: (1) A redescoberta da informação; (2) Informação e níveis de ordem e; (3) Ordem e desordem. Wilden apresenta um conceito amplo de informação (e sistemas de informação) cuja reflexão transpassa diversos campos do conhecimento (Informática, Biologia, Química, Matemática, Eletrônica, Computação, Linguística, etc.). Reconhecemos aí uma dificuldade em compreender alguns trechos. No entanto, contornamos este problema aplicando nosso conhecimento prévio, como chave de leitura: na primeira parte, servimo-nos da teoria dos sistemas, além do conceito semiótico de código para compreensão das principais idéias; na segunda, utilizamos a teoria da linguagem e da cibernética. A terceira parte constitui uma espécie de síntese das duas anteriores em que o autor promove uma “aplicação social” dos conceitos e idéias aprendidos (ele acrescenta ainda a urgência de um paradigma ecológico incorporado ao nosso logos e a propriedade autopoiética de certos sistemas). Destacamos, por fim, a idéia de evolução sistêmica proposta (ou imaginada) por Wilden que, em última instância, pode ser traduzida como uma tentativa teórico-utópica de transformação de nossa estrutura sócio-econômica.
1) A redescoberta da informação
O autor inicia o texto apresentando dois sentidos da informação “recentemente surgidos e relativamente específico”:
1) informação métrica (técnica ou tecnológica) entendida como quantidade mensurável em bit (binary digit). Este sentido está presente na teoria informacional clássica (teoria da informação) de Claude Shannon e na teoria combinatória e estatística da informação, baseada na lógica e na matemática da probabilidade;
2) informação qualitativa, entendida no sentido amplo da palavra, cujo uso “cotidiano” tem coberto e extrapolado o sentido acima (informação genética, informação jornalística, sinais, emblemas, signos, etc.)
Para Wilden, a abordagem métrica ocupa-se especificamente com uma única e limitada forma de valor de troca na comunicação. Já a abordagem qualitativa interessa-se não apenas pelos vários níveis e tipos de valores de troca (monetário, social, simbólico, etc.), mas também por um problema, muito mais complexo, que são os valores de uso numa comunicação (“informação para que fins e para quem?”). Esta segunda perspectiva evidencia questões de natureza filosófica, ética, histórica, socioeconômicas e socioecológicas, abrangendo versões qualitativas da cibernética e da teoria da comunicação, bem como certos aspectos da economia ambiental, da teoria dos sistemas, da teoria das hierarquias e da ecologia dos sistemas. É justamente pelo leque de questões que suscita que Wilden elegeu esta segunda perspectiva para desenvolver sua análise sobre a informação.
Segundo Wilden, historicamente, a teoria da informação surgiu de maneira esparsa, provindo de áreas distintas, aproximadamente entre os anos 40 e 50 do século XX (Shannon na matemática; McColloch e Pitts na neurologia; Bateson na psicoteria; Wiener e Ashby na cibernética; Turing na teoria dos computadores; John Von Neumann na teoria dos jogos e nos autômatos, etc.), além disso, seu desenvolvimento intelectual e tecnológico foi destituído de “bases históricas”. [1] Embora faltem estudos históricos ou antropológicos, capazes de identificar o surgimento de uma ciência (moderna) da informação, [2] Wilden estabelece duas linhas principais de indagação:
1) tecnológica – desde a origem dos computadores, dispositivos de cálculos (a exemplo do ábaco) até o ENIAC, primeira máquina completamente eletrônica projetada para calcular trajetórias balísticas (1946);
2) filosófica – inaugurada por Leibniz em 1671, a partir da invenção de uma multiplicadora digital e da formalização da numeração binária-digital (1,0).
Independente da linha adotada, entretanto, Wilden traz uma definição de informação que será comum ao longo do texto: a “variedade”. Variedade, segundo ele, é a “definição mais abstracta e universal da ‘informação’ em todas as suas formas”. Ele continua: “Pode imaginar-se que a ‘variedade’ constitua o supraconjunto de todas as configurações possíveis de que qualquer tipo particular de informação representará um subconjunto”. Esta definição será essencial para compreender a primeira parte deste texto, estando implícito aí o pressuposto semiótico do “código”.
Antes disso, porém, ele alerta para o “valor” da informação, a qual não possui “significação intrínseca, nem significado, nem valor de uso, nem valor de troca intrínsecos”. Ou seja, a informação é neutra, dependerá do contexto (ou do código) para dar sentido, significado, valor à ela.
Esta noção de contexto (a qual preferimos entender semioticamente como código) é fundamental, inclusive, para compreender a noção de “ruído”. Pois, se a informação é neutra (ruído também é informação), é o contexto ou o código (matriz) que decidirá o que será informação e o que será ruído. A tendência, neste caso, é compreender a informação como aquilo que possui uma estrutura acoplável no código. Do contrário, uma estrutura não-acoplável ao código denomina-se ruído: “A distinção entre a forma de variedade chamada ‘informação’ e a definida como ‘ruído’ é, por conseqüência, sempre uma função da maneira como a variedade global disponível para um determinado sistema finalizado é subdividida mediante vários processos de codificação e ordenamento”.
A variedade entendida como supraconjunto nos remete à idéia de um caos (desordem) fora da órbita estruturada pelo código (que confere ordem ou estrutura um conjunto), porém, para os sistemas fechados (cada conjunto), esta estruturalidade (ordem) remete à entropia, à incomunicação, quer dizer, a ausência de informação (algo novo, que bagunça, que promove a comunicação entre os planos) no interior do sistema. Segundo Wilden, “Variedade é tudo. Mas, variedade total = informação potencialmente infinita = informação zero”. Por isso, nos alerta o autor: “Em muitos contextos, ‘informação’ será, pois, sinônimo de ‘ordem’, e ‘ruído’ de ‘desordem’”.
É desse modo, que Wilden formula uma regra geral: “quanto mais elevada for a ordem de complexidade de dado sistema finalizado mais elevado será o número de tipos e níveis de variedade que o sistema é efetiva ou potencialmente capaz de codificar e de utilizar como informação”. Por meio desta regra podemos compreender – ainda que o autor não chegue a especular isso nesta primeira parte do texto – a estruturação do mundo pela via da informação (desde o nível biofísico, da natureza, passando pelo social, até chegar ao nível da cultura). Seguindo esta ordem (bio-físico-social-cultural) tem-se o aumento da complexidade dos sistemas: a natureza (biofísica) opera ao nível da sintaxe apenas, complexidade simples; já num nível mais complexo como a cultura necessita-se de um nível superior de complexidade (exige-se, por exemplo, uma semântica e uma pragmática).
Tal variedade, entretanto, é fundamental para sobrevivência sistêmica, sendo diferenciada para os sistemas fechados tanto quanto para os sistemas abertos. [3] É verdade que Wilden se atém, pelo menos nesta primeira parte, aos sistemas fechados, nos quais a variedade é experimentada como ruído (no limite, morte sistêmica) ou, atendendo ao “princípio da variedade necessária” de Ashby, como forma de testar a flexibilidade dos sistemas e encontrar mecanismos (leis) capazes de controlar (tornar previsíveis) os desvios (ruídos). Isso porque a mirada de Ashby (bem como da maioria dos teóricos da informação que constituem a primeira geração) é eliminar o ruído, ajustar suas pesquisas aos intentos econômico-administrativos de controle, eficácia na produção e na comunicação, etc., sem considerar (como fizeram, muito depois, Mackay, Bateson, Heinz von Foester e outros) o ruído como criatividade (ordem pela desordem), pressuposto para mudanças sistêmicas, etc. Segundo Wilden: “A teoria métrica define assim a informação como produto de uma redução da incerteza (a um nível específico) perante várias outras alternativas ou probabilidades)
Ao final desta primeira parte, Wilden sugere o alcance da teoria clássica (quantitativa), limitada às funções métricas e técnicas, “exclusivamente uma teoria de mensagens e sistemas de mensagens, geralmente considerados apenas nos seus aspectos mecânicos, eletrônicos, físicos em geral”. Sua unidimensionalidade lógica a torna inadequada diante de modelos de “duas ou mais pessoas” ou “duas ou mais mentes” dos processos sistêmicos da comunicação humana na sociedade. É uma teoria, como o próprio modelo que propõe, fechada, em virtude da exigência de sua própria epistemologia. [4]
Abaixo, reproduzimos as características da teoria métrica clássica, conforme explicitadas por Wilden:
a) quer na forma combinatória quer na probabilista, a teoria métrica clássica mede possibilidades físicas numa lógica ou/ou;
b) os seus repertórios são conhecidos ou calculáveis (ou então, são-no as suas relações de ordem) e são constituídos por, ou reduzidos a, seleções e combinações de elementos discretos;
c) de um ponto de vista lógico, o repertório, a fonte, o conteúdo, os canais, etc. são unidimensionais ou tratados como se o fossem;
d) uma mensagem pode ser mais ou menos provável do que outra, mas ambas pertencem à mesmo tipologia lógica;
e) as mensagens de teoria quantitativa estão, para todos os feitos, privadas de contexto;
f) a teoria é essencialmente uma teoria da sintaxe (ordenamento sintático) e não pode aplicar-se adequadamente à semântica (os dois níveis: significado e significação) nem à pragmática (o nível do valor);
g) a informação, na teoria, é sobretudo atomista e homogênea (tornada simétrica).
2) Informação e níveis de ordem
Wilden inicia esta segunda parte apresentando a necessidade de se diferenciar (por meio de níveis) matéria-energia e informação. Tal conceituação, todavia, não deve considerar ambas como “coisas separadas” ou isoladas de seus contextos, mas pertencentes a uma mesma totalidade: “o que pode ser utilizado como matéria-energia num dado tipo, ou a um dado nível, de relações sistêmicas, pode sê-lo como informação em outro nível (e vice-versa)”. Esta diferenciação é a mesma de que falamos há pouco (no tópico 1), entre informação e ruído; ela se torna importante para explicitar o funcionamento de diversos sistemas a partir da variação (conjunção) da informação e da energia sistêmicas, conforme Wilden: “A informação (como variedade codificada) depende sempre, para efeitos de transmissão e recepção, de ‘indicadores’ ou ‘veículos’ de matéria-energia”. O papel da informação, desse modo, tende a aumentar na medida em que é ela quem organiza (e reorganiza) a distribuição de energia nos sistemas simples e complexos. Sem energia, todavia, não haveria atividade.
O que se evidencia aqui, portanto, é a idéia de “nível”: hierarquias e “heterarquias” que organizam o funcionamento dos sistemas, por exemplo, no processo de manutenção de um equilíbrio dinâmico. Para o autor, este funcionamento atende a um “princípio fundamental” sobre o qual se baseia uma certa hierarquia entre variedade, informação, significado e significação: “os níveis ou ordens inferiores dependem, para sua existência, dos níveis ou ordens superiores, ao passo que estes últimos dependem dos primeiros para a sua significação, ou um equivalente desta”.
Os níveis os quais Wilden se refere estendem-se desde as células (microscópicas) aos organismos sociais mais complexos (como a sociedade humana). Neste momento, Wilden introduz dois tipos de formas organizativas da informação: o analógico e o digital. [5] O primeiro refere-se à forma contínua de organização, que varia no tempo (a exemplo de um velocímetro de ponteiros); na segunda, esta informação é convertida em bits, seus valores são discretos (descontínuos no tempo). A informação digital define-se apenas em determinados instantes de tempo e o conjunto de valores é finito, ao contrário do analógico, cujo valor é infinito. Ainda, o autor propõe o ícone como uma terceira forma de organização informativa. Esta, certamente, constitui parte mais semiótica do texto. Inclusive, Wilden chega a citar nomes como Ferdinand Saussure e Roman Jakobson, aproximando as teorizações sistêmicas do domínio da Linguagem. De fato, o sistema linguístico (e também o semiótico) não deixam de expressar comportamentos sistêmico-informacionais. O próprio funcionamento da linguagem (projeção do eixo do paradigma sobre o eixo sintagmático) é apresentada em muitos trechos, como modelo compreensivo desta segunda parte. Expressões como “constrangimento”, “regras”, “exclusões” advém ao texto para se referir ao processo linguístico cujo funcionamento reitera características sistêmicas: “As regras, portanto, representam subconjuntos de vínculos no âmbito do código global, que é de per si um vínculo sobre todas as mensagens possíveis e suscetíveis de serem construídas no sistema. Neste sentido, a escolha (vinculada por regras) pertence sobretudo ao repertório das possbilidade – o código de elementos digitais ou digitalizações – aplicado ao sistema. A combinação, por sua vez (constrangida à escolha disponível de possibilidades), pertence sobretudo às regras graças às quais as possibilidades estão organizadas em mensagens. Em determinado sistema o código e os seus subcódigos são, naturalmente, de um tipo lógico superior ao das mensagens efetivas que consentem”.
Outro ponto que merece ser comentado aqui, é o que o autor chama de confusão de níveis. Segundo Wilden: “Nos discursos sociais e científicos prevalescentes, a redução dos diversos níveis de complexidade a um único nível, e outros tipos de confusão entre níveis e ordens de complexidade são em todo o caso, bastante comum. [...] se se aplicasse à precedente análise do discurso o tipo de reducionismo epistemológico (e ideológico) comum nas ciências biológicas e sociais, os níveis mais complexos reduzir-se-iam aos menos complexos”. Acreditamos, contudo, que tal cuidado no estabelecimento “correto” destes níveis deva ser acompanhado de uma alerta (ou pelo menos de uma reflexão) acerca dos perigos de uma totalização (estruturação) do mundo – vimos anteriormente que a aproximação da teoria dos sistemas com a linguagem e a cibernética permite que se estruture o mundo dessa forma. O risco, neste caso, é cair num hegelianismo, compreender o mundo como sinônimo de linguagem, e vice-versa.
Outra idéia importante, ainda nesta segunda parte, é a redundância, ou seja, uma forma evoluída de “desperdício” aparente nos sistemas de mensagens, que os protegem contra os erros de transmissão e recepção. Segundo Wilden, a redundância é necessária à variabilidade dos sistemas, mas nossa sociedade tenta substitui-la, seguindo o discurso da “eficiência”.
3) Ordem e desordem
Chegamos por fim à ultima parte do texto. Aqui Wilden aplica os conceitos e as idéias anteriores à análise social, traçando prognósticos para a nossa sociedade capitalista.
Inicialmente o autor propõe a substituição de um paradigma unidimensional (que pressupõe relações causais simples) por um ecológico (complexo, circular). Este último é o mesmo encontrado em sociedades arcaicas, que mantém com o cosmo uma relação orgânica, a exemplo da tribo africana Dogon cujo logos estabelece que todas as coisas e relações estão unidas por (e provém de) uma única palavra, “a palavra do mundo”. Segundo Wilden, todas as relações dos Dogon são signos, não existem relações causais. O autor evoca, então, o princípio ecológico presente na concepção de mundo destes povos: “Dada a epistemologia organicista deste e outros mitos similares, interessa-nos não o antropomorfismo dos vários deuses criadores, mas a idéia global de uma comunicação orgânica e holista que estão na base dos mitos”.
A retomada dos Dogon, além de outros povos que possuem um princípio ecológico integrado ao seu logos, vem para acentuar a nossa carência e necessidade de uma concepção ecológica, já que nosso logos tem sido determinado por um sistema produtivo (econômico) unidirecional, que visa apenas a extração dos recursos energéticos, sem se preocupar com a circularidade energética. “O sistema econômico global está atualmente a retirar do ambiente uma quantidade de ordem metastável (por exemplo, combustíveis fósseis, fertilizantes do solo) em quantidades maiores do que aquelas que, previsivelmente, poderão restaurar através da descoberta de novas tecnologias. Justamente porque muitas das novas tecnologias (combustão do carvão, gaseificação do carvão, reatores velozes, autofertilizantes, etc.) produzem enormes quantidades de desordem (por exemplo calor de dissipação, água e contaminação atmosférica) é provável que as tecnologias projetadas para superar os problemas do esgotamento dos recursos (por exemplo energéticos) se traduzam na destruição de aspectos importantes do último recurso da vida: a biosfera”.
No entanto, a idéia que se faz central, a nosso ver, nesta terceira parte, e que de certo modo põe em prática o paradigma ecológico, é a concepção da ordem a partir da desordem, quer dizer, a possibilidade de um ruído ser integrado à estrutura do sistema a partir de um processo circular adaptativo, idéia esta que Wilden irá estender aos sistemas sociais, acentuando, sobretudo, os processos revolucionários.
Antes disso, porém, Wilden já havia apresentado a concepção predominante para se conseguir ordem (homeostase) a partir de uma ordem externa (ordem pela ordem), segundo a teoria proposta por Schroedinger. Esta “[...] tradução da ordem disponível no ambiente numa nova ordem”, segundo Schroedinger, “[...] dependem o metabolismo orgânico, a subsistência econômica e a conservação da organização social”; trata-se de uma maneira expandida de usar a neguentropia sem violar o 2º axioma da termodinâmica (conservação da energia sistêmica).
Acresce-se a este ordem pela ordem, a idéia da ordem pela desordem, proposta por Heinz von Foerster e presente já no primeiro livro da Genesis: “O mito da criação não comporta a introdução da ordem na desordem, mas, pelo contrário, a introdução quer da ordem quer da desordem no cosmos (na realidade, uma não se manifesta sem a outra)”.
O modelo de Von Foerster explica como um determinado sistema pode converter em estrutura uma variedade não codificada. Trata-se da propriedade autopoiética (auto-reconstrutivas, autoregenerativas) de certos sistemas, cuja emergência se faz por um salto revolucionário dada pela própria entropia do sistema. [6]
Este é o princípio de que se vale Wilden para pensar nos processos adaptativos ao longo da aventura humana: “As antigas civilizações que não souberam reagir às mudanças radicais das suas relações ecológicas-econômicas, reestruturando-se de modo conservar a flexibilidade tanto em relação ao presente como em relação ao futuro, sofreram um colapso e desapareceram.”
No entanto, e principalmente, a ordem pela desordem comparece para pensarmos na possibilidade de mudanças estruturais em nossa sociedade. “O ‘ruído’ da revolução sexual e outras revoluções produzidas pela chamada ‘contracultura’ na América do Norte (e noutros países) facilmente foi incorporado como informação (cooptado e também explorado) pela atual estrutura do capitalismo ocidental”.
Mas o processo de “evolução” sistêmico apresentado (embora Wilden prefira não utilizar esta palavra) não se restringe, segundo ele, às mudanças superficiais (culturais); ela pode ocasionar, dependendo da dimensão do salto, a uma profunda transformação; em última instância, à mudança de nossa base sócio-econômica: “O resultado mais usual do ruído não é, porém, a destruição, mas sim a emergência de um sistema ou de sistemas sociais com nova estruturação [...] A conversão de desordem ou ruído produzidos internamente em informação a estes níveis não envolve a evolução, mas sim a morfogênese das estruturas profundas conhecidas como revolução (socioeconômica)”.
[1] Interpretamos esta ausência de “bases históricas” de duas maneiras: a primeira está explicitada no texto. A segunda trata-se do caráter ideológico que preside as descobertas e os avanços tecnológicos, ou seja, qual o interesse em desenvolver uma ciência da informação? Desenvolvimento de dispositivos bélicos ou administrativos? Melhoria na produtividade e eficiência dos sistemas produtivos? A base histórica aqui, nos daria respostas conjunturais que explicariam o porquê do surgimento e desenvolvimento de uma ciência da informação.
[2] Tais estudos, segundo Wilden não recuam além do século XIX, limitando-se à invenção da ciência da termodinâmica de Rudolf Clausius (1850).
[3] O autor estabelece aqui uma forma interessante de diferenciar sistema fechado e aberto: o primeiro apresenta em seus limites barreiras (impede a entrada de informações no sistema), enquanto o segundo, fronteiras (permite a entrada, mas trasduz, quer dizer, traduzem e transformam estas informações).
[4] Para Wilden, a teoria métrica, por exigência epistemológica, deve, necessariamente, ser fechada para poder dar conta dos problemas por ela proposto.
[5] Houve certa dificuldade, de nossa parte, em compreender alguns destes preceitos provindos de ciências da comutação, eletrônica, engenharia, etc. Conforme já apontamos, nossa compreensão se fez a partir do conhecimento prévio de algumas leis sistêmicas, cibernéticas e linguísticas.
[6] Embora Wilden não cite os nomes dos biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela há evidencias destes nas teorizações de Von Foerster. Outro discípulo desta linhagem de pensamento (autopoiético) é o sociólogo alemão Niklas Luhmman.
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